A escola deve ser um lugar para todos

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sábado, 12 de dezembro de 2009

O funcionamento visual de um indivíduo portador de visão subnormal.

O funcionamento visual de um indivíduo portador de visão subnormal está relacionado com a maior ou menor capacidade para utilizar o resíduo visual na realização de tarefas cotidianas. A avaliação do funcionamento visual determina como um indivíduo usa a visão residual 1. Deve indicar a implicação de aspectos emocionais e cognitivos junto à baixa visual no desempenho escolar, nas atividades profissionais e na vida cotidiana 2.
Conforme pesquisas realizadas, constata-se que indivíduos portadores de visão subnormal se diferenciam na habilidade de utilizar a visão. A habilidade visual depende não apenas da doença ocular, mas também, da eficácia do uso da visão. Por esse motivo não há fórmulas mágicas de atuação e nem é possível fazer generalizações na avaliação desses indivíduos.
No que diz respeito aos alunos portadores de visão subnormal, a avaliação funcional deverá ser realizada inicialmente de modo informal, observando-se o desempenho visual e recolhendo todas as informações que a família e os professores possam fornecer. De posse dessas informações, deverá ser realizada a avaliação formal com a utilização de métodos clínicos 3. O resultado dessa avaliação funcional vai fornecer as informações essenciais à inclusão do deficiente visual no sistema regular de ensino. A atual política nacional de educação está baseada nos princípios da inclusão e igualdade de condições para o acesso e permanência do aluno portador de deficiência na escola comum 4.
Ao freqüentar a escola comum, o escolar portador de visão subnormal pode encontrar dificuldades no processo educativo pelo fato de não existirem recursos materiais e humanos apropriados. Os materiais convencionais para a escrita e leitura nem sempre suprem as necessidades visuais. A não utilização de contrastes, bem como a ausência ou excesso de iluminação, podem ser fatores prejudiciais ao desempenho visual, gerando fadiga visual. Como conseqüência dessas situações, o escolar não recebe estímulo para a utilização do potencial visual e poderá estar fadado ao fracasso escolar 5.
Faz-se necessário, portanto, realizar a avaliação clínica-educacional do portador de visão subnormal e seus resultados devem ser transmitidos aos professores, norteando sua atuação junto a esses alunos.
Em geral, professores do ensino fundamental não recebem em seus currículos de formação preparo especial para lidar com alunos deficientes visuais. Por essa razão, sentem-se despreparados e, na prática, solicitam informações sobre a capacidade visual e necessidades do escolar portador de visão subnormal.
Considerando essa problemática, foi realizada pesquisa junto a professores do ensino fundamental de escolas públicas municipais e estaduais da cidade de Campinas, com os objetivos de verificar auto-avaliação do preparo e a necessidade de orientações entre professores do sistema regular de ensino, para atuarem junto a alunos portadores de visão subnormal e obter informações para subsidiar treinamento de professores do sistema regular de ensino na área da deficiência visual. Os dados obtidos podem subsidiar o planejamento de ações interativas, referente à inclusão efetiva desses alunos em escola comum.
SUGESTÕES
1. É necessário que o oftalmologista esteja consciente do seu papel e da necessidade da orientação ao professor do aluno portador de visão subnormal. O intercâmbio entre o oftalmologista e os profissionais que atuam na área da educação, vai auxiliar o processo educacional.
2. Incentivar a capacitação de recursos humanos envolvidos no processo educacional do aluno portador de visão subnormal.
2. 1. Professores do ensino regular:
- Orientação inicial, por meio de relatório do serviço oftalmológico sobre o aluno portador de visão subnormal, contendo dados aplicáveis à situação da sala de aula, encaminhados preferencialmente no início do ano letivo.
- Orientação continuada sobre o aluno portador de visão subnormal, fornecida pelo serviço oftalmológico, principalmente em situações que houver alterações visuais ou em relação ao uso de óculos, recursos ópticos ou recursos não ópticos.
- Fornecimento de literatura especializada sobre a deficiência visual, enfatizando os aspectos relativos ao aluno portador de visão subnormal.
- Cursos de curta duração.
2.2. Preparo do aluno portador de visão subnormal para a inclusão educacional:
- Avaliação em serviços especializados, contemplando os aspectos clínicos e educacionais, uso da melhor correção, utilização do resíduo visual e necessidade de indicação de recursos ópticos e não ópticos.
2.3. Preparo da família
- Orientação provida por serviço especializado em relação às possibilidades e necessidades visuais do aluno portador de visão subnormal.
3. Adaptações de materiais e modificações ambientais.
REFERÊNCIAS
1. Carvalho KMM, Gasparetto MERF, Venturini NHB, Melo HFR. Pedagogia em visão subnormal. In: Castro DDM, editor. Visão subnormal. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1994. p. 155-63.
2. Corn AL. Visual function: a model for individuals with low vision. J Vis Impairment Blindness 1983;77:373.
3. José RT. Vision subnormal. Madrid: ONCE; 1988.

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